O divórcio, separação, chame do jeito que bem entender, envolve todo um processo de luto. É o fim. Todo fim tem seu trabalho mental e prático a ser feito.
Depois que passa a fase da negação, da barganha, e todas as demais, sobra você. Mas falta metade.
Quer dizer, no meu caso eu fiquei uma década nesse relacionamento. Foi um terço da minha vida. Praticamente toda minha vida adulta e quase tudo que eu conheço sobre família, amor, relacionamento eu aprendi ali.
Tá, aí tem a parte prática da coisa. Junta documento, tira segunda via, marca audiência, consensual, partilha de bens - ou não -, guarda? compartilhada, pra um, pro outro, avisa a escola, a terapeuta, a pediatra, o transporte escolar, o plano de saúde, os parentes (mas que pé no meio do saco, hein?)...
No meio desse enredo kafkiano tem uma criança que você quer proteger. E aí? Faz o que? (Além da terapia, pq sim, você precisa mais do que imagina) Calma.
Eu chorei. Chorei o fim. O fim mesmo. Não é o fim do amor eros que eu tava chorando. É o ideal do relacionamento, da família, da coisa toda... Só que eu não fiz a linha controlada. Pelo contrário, eu lá, medicada, chorando baldes, rios e mares.
Um dos dias difíceis que eu passei foi trocar as fotos de família por fotos minhas com o meu filho. Acho que essa fase da materialização do fim é uma das mais complicadas de se passar. Depois disso, acredito que o dia que eu mais sofri foi quando eu separei a documentação para a audiência de divórcio.
Minha família é totalmente desfuncional e me apeguei à família do meu marido como se fosse a minha. Deixei de assinar meu sobrenome e passei usar exclusivamente o dele. As festividades eram todas pensadas nas tradições da família dele, as receitas, os presentes, o ritmo, o lugar... e agora tudo foi embora.
Agora eu estou reaprendendo a ser a Analice. Completamente eu e independente de todos. Ser inteira para poder preencher o que meu filho precisar, por exemplo. E hoje eu estou vivendo meu primeiro dia das mães sozinha. Sozinha mesmo, só eu e ele.
Já ganhei um desenho, um cartão e uma caixa de bombons que nós dois dividimos. Pensei em fazer pra mim um almoço do dia das mães. Especial. Fiz a comida do cachorro, dei ração pro gato, o filho tá vendo um gameplay e eu tô tentando fazer esse texto sair há mais de uma hora pq já tive discussões paralelas sobre falar como um pirata bêbado e a falta de acolhimento para as mães solo nas atividades da igreja nos dias que o ministério infantil não funciona. Linearidade mandou lembranças.
Hoje eu acordei e minha mãe não estava em casa. Essa não é mais a casa que ela habita. Nossa relação já estava tão desgastada... mas retomamos uns laços, mesmo que isso tenha exigido de mim umas doses de paciência enquanto ela manifestava episódios de paranoia e eu destruída pelos meus próprios problemas precisava dar suporte para ela.
Não teve café na cama pra mim, preparado pelo companheiro, estrelado pelo filho. Não vai ter restaurante no almoço ou no jantar ou escolha do cardápio e mimos rosa-para-a-casa.
É domingo, e eu não vou para igreja, embora hoje seja um dia em que o ministério infantil funciona e eu poderia assistir o culto enquanto meu filho brinca. Eu me revoltei com a fala de um pregador que chamou a atenção de uma mãe no meio do culto pq a criança dela estava sendo criança. Não foi comigo, não foi na minha congregação, não foi nem na minha cidade. Mas me doeu e hoje eu quero orar a Deus apenas, pq eu sou a criança dele também e Ele me aceita assim.
Manifestei minha gratidão para algumas mulheres importantes hoje e faz parte para mim de uma parte da missão que eu tenho a cumprir. Hoje é dia de festa... mas eu estou vestida de preto.
Depois que passa a fase da negação, da barganha, e todas as demais, sobra você. Mas falta metade.
Quer dizer, no meu caso eu fiquei uma década nesse relacionamento. Foi um terço da minha vida. Praticamente toda minha vida adulta e quase tudo que eu conheço sobre família, amor, relacionamento eu aprendi ali.
Tá, aí tem a parte prática da coisa. Junta documento, tira segunda via, marca audiência, consensual, partilha de bens - ou não -, guarda? compartilhada, pra um, pro outro, avisa a escola, a terapeuta, a pediatra, o transporte escolar, o plano de saúde, os parentes (mas que pé no meio do saco, hein?)...
No meio desse enredo kafkiano tem uma criança que você quer proteger. E aí? Faz o que? (Além da terapia, pq sim, você precisa mais do que imagina) Calma.
Eu chorei. Chorei o fim. O fim mesmo. Não é o fim do amor eros que eu tava chorando. É o ideal do relacionamento, da família, da coisa toda... Só que eu não fiz a linha controlada. Pelo contrário, eu lá, medicada, chorando baldes, rios e mares.
Um dos dias difíceis que eu passei foi trocar as fotos de família por fotos minhas com o meu filho. Acho que essa fase da materialização do fim é uma das mais complicadas de se passar. Depois disso, acredito que o dia que eu mais sofri foi quando eu separei a documentação para a audiência de divórcio.
Minha família é totalmente desfuncional e me apeguei à família do meu marido como se fosse a minha. Deixei de assinar meu sobrenome e passei usar exclusivamente o dele. As festividades eram todas pensadas nas tradições da família dele, as receitas, os presentes, o ritmo, o lugar... e agora tudo foi embora.
Agora eu estou reaprendendo a ser a Analice. Completamente eu e independente de todos. Ser inteira para poder preencher o que meu filho precisar, por exemplo. E hoje eu estou vivendo meu primeiro dia das mães sozinha. Sozinha mesmo, só eu e ele.
Já ganhei um desenho, um cartão e uma caixa de bombons que nós dois dividimos. Pensei em fazer pra mim um almoço do dia das mães. Especial. Fiz a comida do cachorro, dei ração pro gato, o filho tá vendo um gameplay e eu tô tentando fazer esse texto sair há mais de uma hora pq já tive discussões paralelas sobre falar como um pirata bêbado e a falta de acolhimento para as mães solo nas atividades da igreja nos dias que o ministério infantil não funciona. Linearidade mandou lembranças.
Hoje eu acordei e minha mãe não estava em casa. Essa não é mais a casa que ela habita. Nossa relação já estava tão desgastada... mas retomamos uns laços, mesmo que isso tenha exigido de mim umas doses de paciência enquanto ela manifestava episódios de paranoia e eu destruída pelos meus próprios problemas precisava dar suporte para ela.
Não teve café na cama pra mim, preparado pelo companheiro, estrelado pelo filho. Não vai ter restaurante no almoço ou no jantar ou escolha do cardápio e mimos rosa-para-a-casa.
É domingo, e eu não vou para igreja, embora hoje seja um dia em que o ministério infantil funciona e eu poderia assistir o culto enquanto meu filho brinca. Eu me revoltei com a fala de um pregador que chamou a atenção de uma mãe no meio do culto pq a criança dela estava sendo criança. Não foi comigo, não foi na minha congregação, não foi nem na minha cidade. Mas me doeu e hoje eu quero orar a Deus apenas, pq eu sou a criança dele também e Ele me aceita assim.
Manifestei minha gratidão para algumas mulheres importantes hoje e faz parte para mim de uma parte da missão que eu tenho a cumprir. Hoje é dia de festa... mas eu estou vestida de preto.
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