Meu celular, que não é nenhum aparelho da NASA, tem um contador de passos.
Esse contador me perturbou por muitas vezes. Ele esfregou na minha cara resultados ridículos anos a fio, desde que eu o adquiri em um momento que estava sofrendo de crises de pânico.
Na época eu morava em um apartamentozinho de pouco mais de 40 metros quadrados próximo a um morro do Rio de Janeiro, numa rua classificada como zona vermelha para assaltos. Queridos, mas nem que aparecesse 5 dragonites na minha esquina eu tinha vontade de descer a rua para o que quer que fosse.
Claro que quando você relata um medo aparecem cinquenta cretinos pra dizerem pra você como a situação é bem pior do que a que já te causa náuseas só de imaginar. Mas voltando ao contador de passos, nessa época ele marcava tristes 400 passos em média. Um dia "produtivo" eu me "alegrava" com mil míseros passos.
Quando eu voltei para minha cidade natal, de praticamente zero violência, idealizei caminhadas ao ar livre, exercícios, uma mudança de vida daquelas de filme mesmo. HAHAHAHAHAHAHA, disse Murphy olhando pra minha cara.
Aqui eu fiz bicos em buffet, fiz muitos nadas, comi muitas pizzas da minha pizzaria favorita, fiz muita coisa. Menos caminhar. Até tentei o crossfit, mas me lesionei e também não me achei naquele box que eu tentei. Isso com mais de 3 dígitos na balança.
A vida, essa vadia sem coração, deu mais uma reviravolta. Essa sim, daquelas de te tirar o tapete, enrolar e te dar uma surra com ele. E eu, por uma questão de lógica, pensei: é agora que a vaca vai pro brejo. (Sim, uso essa expressão, tenho 30 anos, cabelo branco, me respeita!)
Minha terapeuta veio com um papo que me fez querer levantar da poltrona e perguntar se não era ela quem tava precisando de terapia. Ela disse, Ana... para comer um elefante a gente vai um pedacinho de cada vez.
Me lembro de ter visto alguns dados no aplicativo de contador de passos. Ele me mostrava que a média de passos para as mulheres que faziam uso do app era de 5 mil passos. Aí eu me imaginava dando 6 mil passos. E para mim aquilo era uma conquista do caralho. 400 passos, lembra?
Só que minha vida tava um caos. Tudo, e eu quero dizer, tudo mesmo, na minha vida estava desorganizado. E eu fui organizando... uma de cada vez.
Eu, que no pico das crises deixei de levar meu filho para escola, não faltei um dia se quer esse ano. Mesmo debaixo de chuva, sem carro e com guarda chuva que resolveu não colaborar.
Nas últimas semanas meu contador de passos tem registrado 7 mil passos. Além da academia, que comecei há 2 semanas e não faltei um dia por compromisso comigo mesma. São 7 mil passos independentes, certeiros, que resolvem, que cuidam, que locomovem, que buscam e alcançam. São 7 mil passos... um após o outro me levando praquela que eu achei que tinha deixado de existir há uma década. Uma menina que amava desafios.
Esse contador me perturbou por muitas vezes. Ele esfregou na minha cara resultados ridículos anos a fio, desde que eu o adquiri em um momento que estava sofrendo de crises de pânico.
Na época eu morava em um apartamentozinho de pouco mais de 40 metros quadrados próximo a um morro do Rio de Janeiro, numa rua classificada como zona vermelha para assaltos. Queridos, mas nem que aparecesse 5 dragonites na minha esquina eu tinha vontade de descer a rua para o que quer que fosse.
Claro que quando você relata um medo aparecem cinquenta cretinos pra dizerem pra você como a situação é bem pior do que a que já te causa náuseas só de imaginar. Mas voltando ao contador de passos, nessa época ele marcava tristes 400 passos em média. Um dia "produtivo" eu me "alegrava" com mil míseros passos.
Quando eu voltei para minha cidade natal, de praticamente zero violência, idealizei caminhadas ao ar livre, exercícios, uma mudança de vida daquelas de filme mesmo. HAHAHAHAHAHAHA, disse Murphy olhando pra minha cara.
Aqui eu fiz bicos em buffet, fiz muitos nadas, comi muitas pizzas da minha pizzaria favorita, fiz muita coisa. Menos caminhar. Até tentei o crossfit, mas me lesionei e também não me achei naquele box que eu tentei. Isso com mais de 3 dígitos na balança.
A vida, essa vadia sem coração, deu mais uma reviravolta. Essa sim, daquelas de te tirar o tapete, enrolar e te dar uma surra com ele. E eu, por uma questão de lógica, pensei: é agora que a vaca vai pro brejo. (
Minha terapeuta veio com um papo que me fez querer levantar da poltrona e perguntar se não era ela quem tava precisando de terapia. Ela disse, Ana... para comer um elefante a gente vai um pedacinho de cada vez.
Me lembro de ter visto alguns dados no aplicativo de contador de passos. Ele me mostrava que a média de passos para as mulheres que faziam uso do app era de 5 mil passos. Aí eu me imaginava dando 6 mil passos. E para mim aquilo era uma conquista do caralho. 400 passos, lembra?
Só que minha vida tava um caos. Tudo, e eu quero dizer, tudo mesmo, na minha vida estava desorganizado. E eu fui organizando... uma de cada vez.
Eu, que no pico das crises deixei de levar meu filho para escola, não faltei um dia se quer esse ano. Mesmo debaixo de chuva, sem carro e com guarda chuva que resolveu não colaborar.
Nas últimas semanas meu contador de passos tem registrado 7 mil passos. Além da academia, que comecei há 2 semanas e não faltei um dia por compromisso comigo mesma. São 7 mil passos independentes, certeiros, que resolvem, que cuidam, que locomovem, que buscam e alcançam. São 7 mil passos... um após o outro me levando praquela que eu achei que tinha deixado de existir há uma década. Uma menina que amava desafios.
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