Pular para o conteúdo principal

amor próprio

eu me divorcei. comprei um anel e dei nome para ele de amor próprio.
amor próprio é uma ironia do caralho. amor próprio é um anel de prata com uma pedra vermelha lapidada em formato de coração, é pra usar no anelar.

amor próprio é uma arma, como bem disse meu amigo. brinquei que amor próprio tem toda uma função maléfica por trás das suas linhas suaves, bonitas e harmoniosas. a pedra dele é projetada pra frente e isso significa que se eu der um soco na cara de alguém talvez eu a fure com o meu amor próprio.

amor próprio nem chegou e já tem apelido, carinho, história. mas que grande merda. a gente nem se conhece ainda. como eu projeto coisas.

vou abrir aquela caixinha linda, branca, com laço rosa (!!!), tirar o amor próprio de lá e me desposar como se o mundo não estivesse se sustentando em sertralina e rivotril.

amor próprio é um lembrete físico, claro. é pra eu olhar pra ele quando for estalar os dedos, mania essa que eu tenho quase sempre num mix de tédio e vontade de afundar umas fuças. ele é lembrete pra quando eu estiver cozinhando de que tudo bem o prato pra 1. amor próprio vai empurrar o carrinho de supermercado e esperar eu ler 20 rótulos sem reclamar. pena que o amor próprio não carrega as compras até em casa, mas o moço do delivery agradece.

vem, amor próprio. eu estou pronta.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Maternar

Tem dias que maternar é um ato de heroísmo. Claramente existem dias que fluem mais facilmente como no parque onde tudo conspira a favor, como um sol ameno, bom humor, alimentar os patos e risadas abundantes. Mas existem dias que é um desafio hercúleo. Dias de chuva que a criança está emburrada, com saudades do pai que não visita há 4 meses e você própria tá pau da vida com o atraso da pensão do milhão (entendedoras entenderão) e a escola resolveu pedir um unicórnio dançante pro dia seguinte. São esses dias que você quer chorar pra que terminem, mas nem pra isso tem mais energia. Os últimos meses tem sido de intenso aprendizado sobre maternar solo. Tem sido um desafio de paciência, tolerância, crescimento, para nós dois. Ele tem mais bons momentos do que momentos ruins, todavia quando tá num momento ruim haja saco haja respiração. O pai confundiu superação, separação, seguir em frente, com a infantil decisão de fingir que não existimos. Menos nos dias que ele separa para justific...

Casados

Eu considero a fidelidade um dos itens primordiais de um relacionamento. Não apenas um casamento. Acho igualmente importante em um namoro e pq não, até num rolo no qual você está com a intenção final de que deslanche para ser o grande amor da sua vida. Não sou apenas eu quem considera a fidelidade algo essencial. É uma das bases de relacionamento nas religiões cristocêntricas, por exemplo. Ouvi o Carpinejar dizer que amor te esgota (positivamente) até você não ter mais nada para dividir com outro. Paixão é outraaaaaa história. Concordo. Opa, e como. Uma amiga me disse que emanamos energia ao mundo... de várias maneiras e em diversos sentidos. Por exemplo, emanamos energia de alegria, ou tristeza, mas também de solidão e das nossas próprias necessidades. Sendo assim, quando estamos "quebrados" podemos atrair gente tentando se aproveitar dessa vulnerabilidade passageira. Fato é que depois que eu me separei eu contei pelo menos uns cinco caras casados me rondando. Você per...

A incrível alienação da dor do outro

Empatia não é um produto fácil de encontrar no mercado das relações humanas. Mas tem certos níveis que nos fazem pensar se a pessoa tem bom senso, pensamento, humanidade até. Certas situações tem todo um trato social inerente. Você tem que se demonstrar próximo e disposto a ajudar, mas existe uma linha tênue entre se demonstrar disponível e interferir no espaço do outro. A linha tênue pode ser imaginária, mas é como a linha do Equador, tá lá. Vamos usar. Trato social não é uma coisa que aprendemos na escola (deveríamos). Tão pouco está entre as qualidades elencadas para ensino por muitas famílias. Aí tem gente que não pega o traquejo com a vida e vira o tipo de pessoa que não sabe se portar numa situação de luto, diante de uma má notícia qualquer ou outra situação que abre um leque para os mais variados tipos de falta de noção. É de comum sabença pelas bandas de cá que estamos enfrentando uma maré revolta. As vezes dá pra praticar um stand up padle e as vezes tomo tantos e tantos...