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Mostrando postagens de abril, 2018

Mãe solo

Eu poderia dizer várias coisas sobre a maternidade solo. Muitas mesmo. Mas a principal delas é que é foda. É foda pq parece que toda vez que você senta para fazer um inocente xixi dispara um alarme automático na sala gritando "mãããããããããããããããããããeeeeeeeeeeeee". Isso quando o alarme não levanta do sofá e tenta abrir a porta do banheiro pra ver o que você tá fazendo lá. Você não pode esquecer do lanche da escola, do uniforme da escola, do dia do livro, do dia do brinquedo, da rifa do caralho a quatro, mas também tem o café da manhã, o almoço o jantar, a higiene pessoal, a higiene mental, os cuidados com o intelecto, o dever de casa, o ensino das maneiras, os costumes, as festinhas, os desenhos, os heróis, os dias em que ele quer uivar enquanto come macarrão com salsicha quando você tinha planejado uma balanceada refeição que ele fez questão de dizer que parecia vômito. Da noite pro dia eu virei mãe solo de um menino de 6 anos. Um menino maravilhoso, é verdade. Colaborati...

Aprendendo a perdoar e a pedir perdão

Eu sempre tive dificuldade com o perdão. Fui ensinada a não perdoar. Na verdade, a dizer que perdoei e cultivar dentro de mim uma árvore destrutiva de ódio. Ficar lambendo tanto o lamento que virava ferida. Há 10 anos eu era, por motivos óbvios, e outros não tão óbvios assim, uma pessoa muito diferente de quem sou hoje. Eu não era mãe, por exemplo. Mas eu era outra pessoa. Individualmente, minhas crenças e  minhas ações refletiam uma outra Analice. Muito mais revoltada com certas coisas, indomada, mas muito mais corajosa e diria inocente. Ontem eu tive uma experiência que me fez repensar julgamentos que fiz. É sempre aquela história manjada de que quando não estamos nos sapatos dos outros não podemos julgar onde ela está/o que ela está fazendo. Encerrado o episódio, eu me olhei, analisei o que tinha acontecido e me vi num lugar desconfortável mentalmente. É até risível de como podemos desvirtuar nossa própria moral sem sair do lugar. Em pensamento. Olhei mais uma vez pro me...

O contador de passos e eu

Meu celular, que não é nenhum aparelho da NASA, tem um contador de passos. Esse contador me perturbou por muitas vezes. Ele esfregou na minha cara resultados ridículos anos a fio, desde que eu o adquiri em um momento que estava sofrendo de crises de pânico. Na época eu morava em um apartamentozinho de pouco mais de 40 metros quadrados próximo a um morro do Rio de Janeiro, numa rua classificada como zona vermelha para assaltos. Queridos, mas nem que aparecesse 5 dragonites na minha esquina eu tinha vontade de descer a rua para o que quer que fosse. Claro que quando você relata um medo aparecem cinquenta cretinos pra dizerem pra você como a situação é bem pior do que a que já te causa náuseas só de imaginar. Mas voltando ao contador de passos, nessa época ele marcava tristes 400 passos em média. Um dia "produtivo" eu me "alegrava" com mil míseros passos. Quando eu voltei para minha cidade natal, de praticamente zero violência, idealizei caminhadas ao ar livre, ...